Trecho da monografia “Em Trânsito: uma análise da relação entre público e artista no teatro que acontece na rua a partir da Teoria Geral dos Sistemas: Sujeito, objeto, complexidade e trama na cidade a partir de uma escrita criadora”, escrita por Daniela Alvares Beskow como trabalho de conclusão de curso da graduação em Comunicação das Artes do Corpo – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), sob a orientação de Jorge de Albuquerque Vieira. Ano: 2013. Cópia impressa se encontra na instituição. O trecho abaixo foi revisado gramaticalmente no ano de 2020.
O mapa acima é o sumário da monografia.
“Sobre a montagem do mapa
Este item tem como intenção demonstrar, como apontado na metodologia, um aspecto de “processo” da pesquisa, através da abordagem do processo de construção do modelo do mapa, além de servir como orientação à sua leitura e, por conseguinte, à leitura da pesquisa a partir do contato com seu processo de desenvolvimento.
Semanas se passaram, inúmeras idéias foram aparecendo até eu colocar em prática a primeira metodologia de construção do mapa do metrô. A sequência de idéias foi assim:
1. A primeira idéia foi fazer três mapas para leitura do projeto, na intenção de refletir sobre a questão das diferentes leituras sobre uma mesma realidade. A própria Teoria da Complexidade aborda essa questão, quando fala que todos os elementos são sujeitos da ação, logo, todos têm pontos de vista diferentes sobre um mesmo dado. Lemos e interpretamos a realidade de acordo com uma ou várias visões que construímos sobre ela. Há várias visões e buscá-las enriquece a relação do indivíduo com a realidade. Os três mapas seriam: 1. Mapa do metrô, 2. Mapa sistêmico e 3. Mapa de uma cidade. Ou seja, os mesmos elementos teriam representações diferentes em cada mapa.
2. A idéia de fazer um mapa de metrô a partir do conceito da complexidade foi se solidificando. Montei dois esquemas possíveis para esse mapa. O primeiro, eu entendi como sendo mais dualista. Seria mais simplificado e mais fácil de fazer e também de entender. A partir daí, visualizei um segundo esquema que daria mais conta do conceito de complexidade.
Primeiro esquema: cada tema (organizei temas, quais seriam e se desdobrar-se-iam em várias estações) seria uma linha do metrô. Cada estação (capítulo) seria uma derivação direta da estação anterior e o pensamento iria se configurando em uma linha reta, onde um conceito deriva do outro, a organização da realidade seria uma derivação de conceitos. De cada estação não se vê outra estação, ainda que haja conexões entre elas.
Segundo esquema: todos os temas estão em todas as linhas. As ligações entre as estações viriam de várias estações, ou seja, elas seriam menos retilíneas e cada estação derivaria de várias e originaria outras várias. Aqui se liga também o conceito de multifrontalidade (associado ao “multidimensionalidade” da Teoria da Complexidade), vindo das Artes Marciais Internas o qual associei com o conceito de Complexidade na solografia “Onde” apresentado na Semana das Artes do Corpo em junho de 2013: um parágrafo em movimento da pesquisa teórica. Assim como na realidade, as influências viriam de todos os lados. A partir de uma estação se poderia ver várias outras estações.
3. Uma das questões sobre esse mapa do metrô era como evidenciar o fator “tempo” no desenho. Geralmente mapas dão conta do fator “espaço”, mas, pensar em como colocar o fator “tempo” me rendeu algumas semanas de reflexão. O orientador Jorge me deu algumas ideias, como por exemplo, utilizar cores diferentes para designar momentos diferentes do tempo, assim como o número de vezes da aparição daquela cor para designar o número de vezes que uma ação teria se dado em determinado período de tempo.
4. Em dado momento cheguei a avaliar a hipótese de fazer apenas os primeiros dois mapas, por falta de tempo. Depois pensei que iria fazer apenas um, pela mesma razão.
5. Sobre a questão de mapear as questões que estou pesquisando, como pesquisadora e sujeito da ação intelectual, cheguei à conclusão de que o mapa que surgiria seria o resultado dessa minha experiência. Não há como pensar no “melhor” modelo de apresentação de uma realidade, um fato, uma realidade observada, a partir do conceito da complexidade. Chego à conclusão de que a complexidade sempre vai depender do ponto de vista do sujeito, assim como do objeto e nesse trabalho, do sujeito que é objeto e do objeto que é sujeito. A minha experiência com uma dada realidade é imediatamente diferente da experiência do outro com a mesma realidade e ao mesmo tempo, essa então passa a ser outra realidade, já que a experiência com ela é outra, pois, fatores diferentes são selecionados com os quais se relacionar. Ou então, seria a mesma realidade, mas, configurada de forma diferente. Posso então dizer que: é a mesma realidade, mas, cada sujeito se relaciona com partes dela, a partir de seu espectro de relações e formas de se relacionar com as coisas. A realidade é então sempre vista de formas diferentes em função dos sujeitos envolvidos. A partir dessa percepção, sempre atualizada, já que é uma conclusão antiga da área das Humanidades (Ciências Sociais, por exemplo, minha primeira área de formação), chego à conclusão que o mapa será o mapa da minha experiência com o tema. A partir disso penso em construir as linhas de acordo não com temas, mas, sim de acordo com meses, abordando quando cada conceito e prática foram tomando lugar, na sequência de tempo da própria pesquisa. Cada linha seria um mês, onde um acontecimento desembocaria no outro a partir da lógica que sucedeu durante a pesquisa. Não uma lógica que eu escolhi, mas, uma lógica que aconteceu ou que foi acontecendo: como cada acontecimento foi levando ao outro? Com essa escolha eu daria conta da questão do tempo, já que cada linha já seria um elemento temporal, as estações, diferentes momentos no tempo. Legal! Parecia que havia solucionado um problema.
6. Traço o primeiro esboço desse mapa com as linhas-meses. Por alguma razão não gostei muito. Encaixar toda a experiência neste ou naquele mês me pareceu superficial.
7. O segundo esboço vem a partir do pensamento sobre uma reflexão que vem a partir da realidade e não o contrário: “que informações eu realmente tenho que colocar no papel para que consiga ir traçando um mapa que faça sentido?” Pensando nos temas (que depois foram originando tópicos) a solução foi pontuar o tema no papel e a partir dele, sem uma preocupação inicial com o desenho da linha e em que linha esse tópico ou tema se encaixaria, traçar todas as conexões que eu havia estabelecido, a partir da trajetória prática na pesquisa, com esse tópico: de onde ele veio e o que ele originou. Para partir para o complexo, decidi começar pelo simples.
8. Revendo a questão do “tempo” surgiu a questão: nesse mapa, “tempo” significa um período de tempo ou um momento específico?
9. O formato que se definiu é o esboçado no ponto sete. Inicio traçando um núcleo do mapa a partir do ponto central: a relação público-artista no teatro na rua. Liguei a esse ponto todas as experiências que diretamente influenciaram para sua aparição enquanto projeto de monografia. A idéia se desenrolou. A princípio pensei que todas as outras linhas seriam também núcleos, mas, se desenvolveram enquanto linhas, o que me fez perceber que cada pensamento e idéia se organizam de uma forma. O modelo final foi resultado, de alguma forma, de uma mistura entre os modelos que designei de dualista e complexo, devido à reflexão sobre os próprios significados desses termos ainda estarem em andamento.
Reflexões
Me deparei com uma reflexão inicial sobre o que define a construção concreta de uma linha de metrô na cidade.
São necessidades e questões sociais, econômicas, a questão espacial/geográfica, como por exemplo, por onde passam os túneis subterrâneos (onde não tem leitos de água, solo muito duro, bases de outras construções da cidade, etc.), além de uma avaliação geral sobre os fluxos de pessoas: que perfil de pessoas usa determinada linha (vem de que região, vai para qual região, precisa ou não fazer baldeação, e assim por diante). Lembrando que na questão dos fluxos é ainda mais difícil, pois, nem sempre as pessoas que usam determinada linha estão vindo do mesmo lugar e vão para um mesmo lugar, principalmente as estações centrais, onde há todo o tipo de gente.
Esbocei um pensamento vago: há estações centrais que distribuem pessoas para várias linhas, essas são as estações centrais, nós. Recebem e distribuem grandes fluxos. Elas são conexões. Na linha do metrô, são chamadas de baldeações. Juntei com essas informações o fato de que não tinha que seguir uma lógica utilitarista na construção do meu mapa, afinal, não eram pessoas atrasadas que estavam sendo transportadas, mas, conceitos em construção, sem pressa nenhuma de chegarem à nenhuma conclusão! Ou seja, por que não fazemos um mapa onde haja mais vazão para a potência, a criação e a ligação dos elementos? Onde as conexões não sejam necessariamente tão óbvias, visíveis ou previsíveis. Posso criar linhas do tipo “quero, mas, não vou”, ou seja, são linhas que se concretizam em vontade, mas, não se efetivam. Essas ideias foram amadurecendo.
Simplicidade (ou dualismo?) X complexidade
Esquema dos dois modelos (esboçados no ponto 2 acima)
Simplicidade Complexidade
Ideias para linhas
Cada tema é uma linha Todos os temas estão em
todas as linhas
Linha
Pensar a linha como Multifrontalidade:
derivação de conceitos as influências vem de todos
os lados
Conexões
De uma estação, não Ver outras estações
se vê a outra a partir de uma estação
Coerência: o que liga uma estação à outra?
Após semanas de pensamento decidi começar a traçar modelos de mapas. O mapa complexo do metrô e o mapa sistêmico. Já tinha ideias, mas, me vi frente ao complexo desafio de expressar o conceito de complexidade através do desenho. Tive um impulso de pesquisar modelos de mapas sistêmicos já existentes. Digito no Google “mapas sistêmicos”. Visualizo, em alguns segundos um monte de links e desenhos prontos para eu devorá-los. Fecho a janela. Decido traçar um mapa primeiro antes de procurar por modelos já feitos. Quero ver como minha experiência irá derivar um mapa sem que eu antes tente encaixá-la em um modelo que eu já tenha visto. Então, o desafio foi:
Como expressar em desenho o conceito de complexidade?
O desenho final do mapa gerou um formato não planejado. Foram realizadas escolhas, ou seja, priorizei alguns elementos e descartei outros, para colocar no mapa. Impossível colocar todos os elementos envolvidos em uma ação, pois, estes são infinitos. Logo, para uma leitura da pesquisa, foi necessária uma extrema simplificação da realidade estudada, no sentido de escolher os elementos estritamente necessários para o entendimento de uma linha de raciocínio sobre os temas abordados. Para satisfazer um pouco da necessidade primeira de realizar um mapa da complexidade, há o segundo mapa, com as conexões amarelas. Este demonstra um pouco as possíveis conexões diretas, e não apenas indiretas, entre todos os elementos do mapa.
4. Por que eu decidi fazer o sumário do trabalho como um mapa de metrô?
A idéia central é expressar o conceito de complexidade através da própria estrutura escrita do trabalho. O mapa do metrô é um mapa das idéias do trabalho.
Há uma vontade pessoal em demonstrar, na prática da escrita, a complexidade do conceito de “complexidade” a partir de um esquema visual que pudesse expressar essa realidade, de certa forma angustiante, de trabalhar um conceito que já de saída afirma não poder nunca dar conta de toda a realidade.
Por que expressar o conceito de complexidade na estrutura do trabalho?
Quis trabalhar um pouco a noção de escrita como prática e também como um ato criativo. A idéia não é apenas expressar um determinado conteúdo a partir de uma estrutura já conhecida e consagrada (introdução, desenvolvimento, conclusão, etc.), mas, pensar também a forma de apresentação dessas idéias como um ato de reflexão, que questiona o modo como cada conceito e experiência foi levando a novos conceitos e experiências, na tentativa de demonstrar a trajetória de construção de um pensamento.
A idéia do mapa de metrô surgiu a partir do trabalho de campo, a partir da experiência de estar dentro de um vagão de trem a caminho de uma apresentação. Ao final de quase duas horas dentro do trem, no vai e vem das baldeações, esperas, demoras, passagens e estadias, olhei o mapa à minha frente, dentro do vagão. Algumas idéias se juntaram e de repente fez todo o sentido que a estrutura do trabalho demonstrasse um pouco dessa experiência. Não apenas para realizar uma conexão com a estrutura metroviária que me levou a tantos lugares, proporcionando reflexões que seriam outras caso eu tivesse ido a pé ou de carro, por exemplo, mas, também porque essa estrutura de desenho me pareceu interessante para expressar o conceito de complexidade e refletir sobre ele de forma prática. No mapa de metrô há intenções, pontos de partida e pontos de chegada. Pontos iniciais e pontos finais. Há linhas que concentram estações todas de uma mesma cor. Elas estão agrupadas em uma determinada linha por alguns motivos e não por outros. Há baldeações que conectam duas ou mais estações, são pontos de confluência. Há fluxos e paradas, há esperas e expectativas, há deslocamento, sufocamento, pessoas que se relacionam com si mesmas e com os outros, com o um e com as partes. Há placas indicando direções, simbologias. Há catracas que administram a entrada e saída de pessoas. Há horários de pico e horários vazios. Há regras, mas, há acasos. Todas essas situações parecem exprimir um pouco da realidade dos conceitos. Um conceito parte de algum lugar e leva a outros lugares. Há linhas de pensamento que agrupam conceitos. Há conexões entre conceitos, são lugares de diálogo. Há longas paradas, é quando o conceito está sendo pensado, maturado, entendido. Essas paradas podem durar décadas. Há momentos onde o conceito sofre variações intensas, desloca-se de si mesmo, vai parar em outro lugar. Por vezes o conceito fica enclausurado, sufocado, pequeno, esquecido. Um conceito pode se relacionar com vários outros conceitos ou ficar girando em torno de si mesmo, egocêntrico ou simplesmente solitário. Há notas e verbetes que indicam de onde surgiram os conceitos, para onde vão e o que significam. Muitas vezes se relaciona com um conceito apenas através da imagem que se tem dele, sem conhecê-lo profundamente. Como quando as pessoas dentro do vagão de trem olham umas às outras, pensam coisas sobre as outras, mas, não travam qualquer diálogo entre si. O desenho do mapa de metrô e a experiência que se dá através da passagem pelos trens e estações parecem exprimir um pouco dessas conexões que realizei na minha pesquisa, através dessa prática da escrita. Onde fosse possível entender melhor um conceito através de um desenho, aproximando seu significado do entendimento sobre ele.
Um dos temas que perpassa a pesquisa é a noção de sujeito.
Como sujeito da minha própria pesquisa, experenciei os trajetos das idas e voltas das apresentações. Todos esses trajetos influenciaram de alguma forma o modo como eu me relacionei com as apresentações, a partir do momento em que enxerguei as ações vividas nessas trajetórias como elementos do sistema cidade. A cidade é aqui considerada como o sistema. As apresentações ao público, seus subsistemas. As experiências vividas nesse sistema foram sendo observadas a partir da conexão direta ou indireta com o objeto de estudo central, que é o teatro na rua e a relação com o público.
Além de pesquisadora, sou também público. Como me relaciono com os objetos “cidade” e “trajetórias da cidade”? O tema “trajetórias” surgiu a partir da observação de que muitas apresentações acontecem no espaço da rua e se propõe a realizar trajetos pelo espaço urbano, andando, literalmente, com o público pela cidade. São trajetórias, assim como são trajetórias, aquelas que realizo para chegar até eles. Até que ponto, como público, sou sujeito da ação artística e da ação que realizo na cidade, nos meus trajetos? Que trajetórias construo? Como se dá a singularidade de meu mapa a partir da visualização dessas trajetórias?
O conceito de complexidade prevê que todos os elementos de um sistema são sujeitos, pois tudo está sempre em relação, agindo e reagindo uns com os outros. Nesse sentido, percebe-se a qualidade do “agir” em todas as relações. Como expressar essa idéia através de um desenho?
Construindo o sumário como um mapa de metrô consigo compartilhar de forma mais ampla o significado desse próprio conceito com o leitor do trabalho, tornando o panorama, talvez, mais compreensível.
Sobre o mapa
Nesse mapa as linhas são capítulos. Cada linha, ou capítulo é constituído de vários itens, que são as estações. Os capítulos são constituídos de experiências diversas, todas contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento da pesquisa. A idéia de inserir capítulos desse teor foi no sentido de aprofundar o conceito de complexidade, relacionando o objeto da pesquisa, sujeito da pesquisa e as relações que se deram para que a pesquisa acontecesse. Essas experiências vão desde reflexões poéticas, passando por experiências pessoais, como artista, no âmbito do teatro e dança na rua até as análises mais aprofundadas sobre as apresentações de teatro na rua a partir dos conceitos da TGS, assim como relatos de caráter literário, como aqueles sobre as trajetórias vividas na cidade para chegar até o local das apresentações. As análises sobre as apresentações são o eixo central e os outros capítulos contribuem para a leitura sobre elas, contextualizando-as. Visualiza-se um grande mapa, traçado a partir da minha experiência como pesquisadora, ou seja, é a minha visão enquanto pesquisadora-público e não a visão mais “correta” ou “verdadeira” da realidade analisada.
Os capítulos estão distribuídos em linhas, que são as linhas do metrô. As estações estão posicionadas em determinadas linhas por um motivo que as aglutina: são sequências 1) temporais e 2) de conteúdo. Um capítulo (uma experiência, uma reflexão, uma trajetória, um relato, uma descrição, uma análise) foi originando o seguinte, tanto em termos temporais (uma idéia levou ao surgimento de outra idéia, ou seja, o item 2 surgiu em função das ideias do item 1). Logo, cada linha, de certa forma aglutina itens que estão dentro de certo tema. De acordo com o pensamento da complexidade, todas as coisas existentes são originadas a partir de infinitas outras coisas e originam igualmente, infinitas outras coisas. Impossível traçar, mesmo em uma pesquisa com objeto delimitado de estudo, todas as influências que pode se dar em um elemento e todos os outros elementos onde este pode desembocar. Escolhas tiveram que ser feitas. O lugar no mapa onde se reconhece esse encontro de influências e conexões são as baldeações, onde situações e conceitos e conectam. Ainda, impossível descrever todas as baldeações e sequência das ações em uma mesma linha. Mas essas escolhas tiveram motivos, não foram aleatórias. Foram escolhas que também proporcionassem leituras da realidade demonstrada, onde, de certa forma, não fosse apresentado um monte de dados aparentemente sem conexão nenhuma. Dessa forma, faço minhas conexões a partir de minhas escolhas. Ainda assim, o mapa fica disponível para que o leitor faça suas próprias conexões.
Para refletir, deixo essas citações de Morin:
“As relações todo-partes devem ser necessariamente mediadas pelo termo interações. Esse termo é tão importante quando a maioria dos sistemas é constituída não de “partes” ou “constituintes”, mas, de ações entre unidades complexas, constituídas por sua vez, de interações.” (nota 5. Morin, Edgar. A Ciência com Consciência. P.264)
“O todo é efetivamente uma macrounidade, mas, as partes estão fundidas ou confundidas nele; têm dupla identidade, identidade própria que permanece (portanto, não redutível ao todo), identidade comum, a da sua cidadania sistêmica.” (nota 6. Morin, Edgar. A Ciência com Consciência. P.260).
As organizações biológicas e sociais “são complexas, porque são, a um só tempo, acêntricas (o que quer dizer que funcionam (…) por interações espontâneas), policêntricas (que têm muitos centros de controle ou organizações) e cêntricas (que dispõe ao mesmo tempo de um centro de decisão).” (nota 7. Morin, Edgar. A Ciência com Consciência. P. 177-178)
Como ler o mapa de metrô
Ler esse mapa assim como se lê qualquer mapa de metrô. Quem vai percorrer as estações-capítulos é o leitor, assim como é o passageiro que percorre as estações do metrô de sua cidade. Foi necessário que as páginas estivessem em uma ordem específica, já que se trata de um trabalho escrito em forma de livro. Essa ordem foi de certa forma, a ordem que meu pensamento sobre o trabalho se organizou, mas, o processo de escrita e pesquisa dos temas, foi se dando ao mesmo tempo. Ou seja, as linhas do metrô não tiveram uma ordem de construção, aconteceram juntas. E é por isso que faz todo o sentido que o leitor escolha a ordem que quer ler o mapa, para construir seu próprio sentido.
O mapa não é apenas um sumário, é uma organização do meu próprio pensamento e uma tentativa de tradução do conceito de complexidade através de um desenho, um mapa que exemplifica um pouco as noções de relações, expressadas através das linhas que conectam um ponto ao outro. E nessas relações, como uma ideia gera a outra e como elas dialogam. Ler o mapa significa entender o processo de construção dos conceitos.